Blog Andando por Aí

Sou uma bromélia

Bromélia

Vivo apoiada em um galho de pinheiro porque eu nasci aqui. Sei que o pinheiro não se importa que eu me prenda em sua casca, já que nada lhe causo e ainda o embelezo. O pinheiro não tem flores como eu, com pétalas coloridas que atraem insetos e beija-flores, então eu ajudo a embelezar seu tronco e galhos. Quem me trouxe aqui foi o vento. Vim como uma minúscula semente arrastada de minha mãe que, infelizmente, não conheço, mas deve ser alguma destas outras bromélias que aqui estão no mesmo pinheiro e são mais velhas. Cheguei e me prendi numa dobra da casca, bem apropriada para eu nascer. Ali me fixei com pequenas raízes como ancoras, e fui crescendo e desenvolvendo minhas folhas, que são duras e finas em forma de fitas.

Canela sem ninguém

Araucária1

(Texto escrito em novembro de 2017) No ano passado assisti um documentário chamado “O mundo sem ninguém”, escrito por David Brin, um astrofísico californiano que fez um exercício de ficção espetacular e medonho de como seria o nosso mundo se a espécie humana desaparecesse do planeta. Indo aos saltos no tempo, o filme mostra como a natureza reocuparia o seu lugar, assim que desocupássemos os ambientes na terra. Com filmagens em locais reais, abandonados por cinco, dez, cinquenta ou mais anos e com muita computação gráfica, o documentário retrata a volta do mundo ao que era antes da nossa espécie predominar. Fiquei com a certeza de que, por mais que façamos alterações por aqui, um dia as forças naturais vão reassumir seus postos com o mesmo vigor de antes.

O caminho da água

água

Este líquido transparente e fluido que circula sem fronteiras pelo planeta, mas com regras definidas, é quem permite a vida como a conhecemos. Sem água, sem vida. Com um corpo amorfo, molda-se sem constrangimento ao lugar onde se encontra, seja em forma de uma gota na ponta de uma folha, prestes a ser trazida para o solo pela gravidade, seja pela forma plana de um lago de montanha que preenche uma depressão do terreno, ou com o aspecto mutante de um rio, ou como vapor, enfeitando o azul do céu com seus desenhos aleatórios de nuvens efêmeras ou densas e ameaçadoras.

As rochas e o tempo

Rochas1A igreja de Canela é toda forrada com a pedra de basalto, típica da região

Nossa escala de tempo é medida em anos. Sabemos bem o que significa dois, cinquenta ou até cem anos, porque conhecemos a história recente e até pessoas com estas idades. Difícil é termos a noção do tempo geológico, que é medido em milhões de anos, uma escala inimaginável para nós, pobres mortais, que vivemos uma fração ínfima desta escala.

Mês das queimadas

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Andar pelas estradas serranas, nesta final de agosto, é ver um quadro de queimadas por todos os lados que se passe. As cortinas de fumaça se elevam ao comando do vento e encobrem tudo, inclusive a visão de quem está dirigindo. Já escrevi sobre este assunto, mas me parece que é inesgotável, visto que impacta os que tem a chance de presenciar uma ação destas. Sempre me perguntam se é ou não proibido realizar estas queimadas de campo, e eu sempre respondo que existe uma lei sim que regulamenta a ação, sendo ela permitida desde que tenha havido um projeto de queima de campo submetido e aprovado pelas autoridades competentes.

Inverno quente

inverno quente3Ipê-roxo ainda dormindo o sono do inverno

Há uns dias, meu amigo Marcos Gallas me sugeriu escrever sobre este inverno que parece um verão. Topei. Está mesmo um inverno atípico, sem frio em demasia e sem aqueles longos períodos de cerração, chuvisqueiro e frio de doer os ossos. Olhando a história climática da região sul do Brasil, vejo que este fenômeno de calor fora de época é cíclico e sempre esteve entre nós. Invernos severos, com neve e dias seguidos de céu encoberto, já tivemos e há uma repetição periódica destes frios extremos. Assim também, já tivemos invernos mais quentes do que o normal no passado recente.

A praia de Bujuru

 paraia bujuru3Revoada de um bando de trinta-réis

Andar na praia de Bujuru me encanta quando vejo dezenas de pequenas e grandes aves típicas do ambiente costeiro marinho formando grandes bandos na zona de maré, todos em busca da farta alimentação composta de pequenos peixes, crustáceos e moluscos trazidos pelas ondas. As aves avançam para o mar e recuam, conforme a onda volta ou vem, parecendo que o bando é um único organismo de mil patas.

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