Blog Destino Atacama

O sal e o sol do Atacama.

Montanhas de sal sendo praparadas para o transporte aos centros de comércio

Um mar de sal, um mar de areia, um mar de montanhas, um mar plano, sem ondas e sem vento. Assim vi alguns dos grandes depósitos naturais de sal que se formaram há milênios nas montanhas da cordilheira dos Andes, a caminho do Deserto do Atacama. De longe parece neve acumulada na vasta planície, mas de perto percebo a diferença e vejo que é sal puro distribuído por dezenas de quilômetros e sem sinal de vida para nenhum lado que olho. Tanto sal que a estrada passa pelo meio dele, socado que está como uma rocha branca que ali descansa depois de ser carregado lenta e de forma irreversível das montanhas da cordilheira. O trabalho da água do degelo, arrastou os sais e sedimentos das encostas íngremes das montanhas que dormem agora como salinas gigantes que embelezam, assustam e preenchem depressões nivelando o terreno árido do deserto.

Lhama e cactos de sal, símbolos da região do deserto mais seco do mundo

Passar pela Salina Grande, na margem da Ruta 52, em Jujuy – Argentina, belíssima estrada que liga a inesquecível Pumamarca à histórica São Pedro de Atacama, no Chile, é um exercício interessante de observação, sentimento e espanto. Ver todo aquele sal, vital para realçar os sabores de muitos alimentos ou para conservar carnes, espalhados por aquele deserto e vigiado por um sol forte que o livrou da água, branco e agregado como uma rocha, é de deixar qualquer um surpreso, sem saber o que dizer num primeiro momento. Levei um tempo andando por ali e vendo, na sombra de um quiosque com cobertura de palha, mesas e bancos construídos com blocos de sal; pessoas de muitos lugares com seus celulares fazendo self e se encantado com o branco lençol sem fim; caminhei com calma e com as mãos para trás sobre o corpo da salina e vi que se constitui mesmo como uma rocha, socada pelos milênios e que exige maquinário especial para a sua extração; senti os nativos do Pueblo Kolla, que de dentro de sua cabana feita com blocos de sal, como se tijolos fossem, exploram o turismo no local, esforçando-se para vender pacotes de visitas ao centro da grande salina e lá contar suas histórias; vi as estátuas gigantes de uma lhama e de um cactos feitas de puro sal ornamentando a entrada da salina e servindo de referência para fotos de famílias e grupos de turistas; observei as ruínas de um Bar de Sal, que foi construído há tempos, e que era um ponto turístico perto de um depósito grande de sal já extraído e colocado em montanhas para ser processado e transportado para o comercio. Um bar de sal com telhado de palha, trazida certamente de muito longe, já que não há nada de vegetação por perto, é um emblema da salina, quebrando o branco sem fim e monótono do lugar, mas que acaba pagando o preço do deserto salgado e vai de desmanchando como o tempo.

Casa de informações turísticas na Salina Grande, com paredes feitas de blocos de sal

Sem chuva, sem umidade o sal se conserva seco e isso facilita a vida dos mineiros do sal que, sem galpões ou outras estruturas, simplesmente raspam o sal com máquinas, carregam para os depósitos, trituram, porque se apresenta com uma granulação grosseira, e o armazenam em montes como se fossem dunas de areia de uma praia imaginária, branca e sem fim. Assim eu vi a Salina Grande, tão grande que parece mesmo infinita, severa e estéril sempre vigiada de cima pelo sol, um dos grandes responsável pela sua formação.

Quiosque com o piso, as mesas e bancos feitos de sal

A imensidão da Salina Grande e a estrada que leva ao seu interior

Erva mate, coca e guaraná.

 

Ambiente desértico e de grande altitude exige o consumo de folhas de coca para poder suportoar o ar rarefeito. 

Os nativos da América do Sul, quando por aqui chegaram portugueses e espanhóis, já há muito utilizavam plantas, sementes e frutos como estimulantes para suas festas, para suportar as agruras do trabalho, do calor, da altitude, da fome ou do frio. Mascar folhas, fazer infusões, ralar sementes ou ingerir cogumelos é uma resposta adaptativa do homem americano para levar adiante a tarefa de sobreviver em ambientes tão díspares como um deserto absoluto – caso do Atacama, e uma exuberante e úmida floresta amazônica. Cada local exige dos organismos adaptações especiais para sobreviverem e deixarem seus descendentes com saúde e aptos a seguir o plano genético da espécie.

Nas regiões altas dos Andes centrais os nativos peruanos descobriram, há mais de oito mil anos, que mascar folhas de determinada planta – a coca, aliviava o desconforto da falta de oxigênio, aumentando a força e tirando o sono que a altitude provoca, permitindo assim que vivessem com mais facilidade naqueles ambientes inóspitos que exigiam grandes esforços nos deslocamentos pelas montanhas e desertos. Até hoje estas folhas são mascadas e fazem parte da cultura dos andinos. Em 1859 a cocaína foi sintetizada pela primeira vez e utilizada como medicamento por Sigmund Freud, sendo ele próprio o usuário inicial. Em 1886 folhas de coca entraram na composição de uma das receitas mais herméticas do mundo: a Coca-Cola, posteriormente removidas.

Folhas secas de coca que são vendidas nas estradas do deserto do Atacama

Os índios da nação Guarani e outras próximas, como os Quíchuas e Aimarás, descobriram que a folha da erva-mate, nativa dos bosques das matas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Paraguai e Argentina, após serem sapecadas, secas, trituradas e submetidas a uma infusão de água quente ou fria, produzia uma bebida que tirava o sono e a fome, aumentava a força das pessoas permitindo que trabalhassem mais e melhor. O chimarrão hoje é uma instituição, uma identidade do povo do sul do Brasil e dos países vizinhos, uma herança dos moradores daqui. Grandes cientistas europeus que andaram pelo sul do Brasil entre 1820 e 1860, atestaram os benefícios físicos, sociais e econômicos da erva mate, como Roberto Ave-Lallemant e Auguste de Saint-Hilaire, este último um francês que foi quem a identificou cientificamente a planta, nominando-a como Ilex paraguariensis.

Folhas de erva mate, nativa do sul do Brasil: materia prima para o chimarrão

 

Na densa e úmida floresta amazônica, os nativos descobriram que a semente do guaraná, uma planta nativa da região, quando seca, triturada e misturada com água, torna-se um poderoso tônico, já que possui mais cafeína que o próprio café, sendo assim um excelente estimulante físico e mental. Guaraná deriva da palavra de origem Tupi wara’ná que significa “grande cipó da floresta” e ainda é, para algumas tribos amazônicas, uma planta sagrada. Em 1921 a Antarctica cria o refrigerante de guaraná até hoje existente no mercado.

Erva-mate, coca, e guaraná, três plantas muito distintas, de ambientes tão diferentes e que oferecem praticamente o mesmo conforto aos que as consomem e seguem sendo exploradas com aperfeiçoados métodos de produção, colheita, preparo e comercializadas pelo mundo todo. Intrigante é saber como que o potencial estimulante de cada uma destas plantas foi descoberto e utilizado pelos nativos. Sempre me perguntei como foi feito o primeiro mate e sei que a resposta nunca será encontrada, mas é intrigante ver como nossa espécie é hábil em explorar os recursos naturais que se mostram em seus ambientes, sejam eles complexos como uma floresta tropical ou mais simples e rudes como os altiplanos do Peru, Chile e Argentina. Tão poderosa é a coca que dela se extraiu um psicoativo que adotou um derivado de seu nome original, a cocaína, tão combatida e tão comercializada hoje que em nada lembra suas origens perdidas no tempo dos Incas, além de emprestar o nome e alguns componentes para o mais famoso dos refrigerantes. Tão poderosa é a erva mate que hoje movimenta uma gigantesca indústria que mantém o hábito do chimarrão mais vivo do que nunca. Tão forte é o guaraná que, assim como o mate, mantém uma poderosa indústria de refrigerantes, cosméticos e aditivos alimentares. Sábios mesmos foram os índios que souberam, por primeiro, identificar na natureza estas três plantas poderosas. 

A beleza da aridez

Na cordilheira dos Andes, perto do deseto do Atacama, a aridez desafia a pouca vida capaz de ali sobreviver. 

Um Bioma chamado Puna

Puna chilena com neve, a palha-brava espalhada em touceiras e o imponente vulcão Licancabur, com seus 5.916 metros, a esquerda. Ícones deste ambiente. 

Os Biomas são aquelas grandes áreas geográficas que tem algumas características de fauna, de flora, de localização e de morfologia que as tonam únicas, facilmente identificáveis. No Rio Grande do Sul existem dois Bioma, dos seis que se espalham pelo Brasil. Um deles é o Pampa, com suas extensas áreas ao sul do rio Jacuí, esticando até a fronteira com o Uruguai, com planícies, coxilhas suaves, vegetação típica de campo e rios com matas nas margens, conhecidas Matas de Galeria. Ao norte do rio Jacuí impera o Bioma Mata Atlântica, onde há, ou havia, o predomínio da floresta densa, tanto a de araucárias como a outra mata que recobre os vales mais baixos. É aqui no Rio Grande que o Bioma Mata Atlântica termina, este longo e destroçado ambiente, parceiro da costa atlântica que corre daqui até o Rio Grande do Norte, sendo que foi o primeiro a ser desbravado pelos portugueses que descobriram nele o valioso o pau-brasil. É também aqui no Rio Grande que começa o Pampa, que cobre praticamente toda a metade sul do nosso Estado e se espalha por todo o Uruguai, parte do Paraguai e na Argentina vai até o vale do Rio Colorado, ao sul de Buenos Aires, quando entrega o bastão geográfico para outro Bioma, a Estepe da Patagônia. Nós, gaúchos, fomos brindados com estes dois sistemas naturais e neles desenvolvemos nossa cultura.

Salinas, montanhas, frio, altitude e um deserto que permite a vida a poucas plantas e animais. Esta é a Puna

Nesta viagem que fiz ao deserto do Atacama tive a oportunidade de conhecer um bioma novo para mim, um lugar de difícil acesso e de uma beleza incomum. Falo do Bioma PUNA, palavra originária do idioma indígena Aymará que significa Altura, estende-se pela área central da cordilheira dos Andes em platôs acima de 3 mil metros de altitude e abaixo dos 5 mil, ocupando territórios da Argentina, Bolívia e Chile. Ar rarefeito, limpo, seco, horizonte bem definido por ondulações de montanhas agudas e vulcões com depósitos permanentes de neve nas suas encostas, ausência absoluta de árvores e com uma vegetação rala e esparsa de uma planta chamada palha-brava, entre outras poucas. Raros são os animais da Puna e entre eles pude registrar a vicunha, este belo e ameaçado camelo americano, dono da lã mais fina, quente e cara do mundo. Na Puna que atravessei, de Salta na Argentina até São Pedro do Atacama, no Chile, o que mais me impressionou foi o silêncio do lugar. Sempre que parávamos o carro para uma foto ou para compra de algum artesanato indígena, a ausência de sons naturais cria uma atmosfera de outro planeta, de um lugar absolutamente vazio, sem vento, sem gente, sem bichos. Na verdade a Puna tem vida, pouca mas tem. Ali vivem algumas plantas que suportam o severo clima seco e o solo salgado ou salitrado, fatal para a maioria da vegetação e a palha brava é uma destas espécies que consegue suportar a altitude, o frio, a seca e a salinidade presentes neste imenso planalto. Não vi, mas a chinchila é outro animal nativo desta região e devido ao seu pelo e pele de alta qualidade, é criada em cativeiro para fins comerciais. Vejam que as melhores peles e melhores lãs do mundo estão em espécies nativas daqui: a chinchila e a vicunha. Parece que a altitude e a rudeza do clima presentearam estes animais com este pala de alta qualidade.

Desafiando a lógica, as vicunhas conseguem sobreviver bem neste ambiente inóspito e espetacular da Puna. 

Os camelos americanos

Um rebanho de lhamas sendo conduzido por um pastor em Santo Antonio de los Cobres, Argentina

Os camelos são sempre associados com sol, desertos, pouca água, dificuldades para sobreviver e carregamento de gente e mercadorias através de áreas inóspitas. Os camelos mais conhecidos são, para muitos, aqueles do norte da África que vagam em caravanas pelas areias do Saara, conduzidos pelos Árabes nômades que riscam aquele famoso deserto buscando os poucos locais de afloramento de água para manter a vida. Estes grandes camelos têm patas largas para não afundarem nas areias, podem passar muito tempo sem beber e resistem ao sol escaldante e ao frio congelante das noites do deserto, sem maiores problemas.

Um guanaco solitário entre os cactos gigantes do Parque Nacional Los Cardones, em Payogasta, Salta - Argentina

Aqui na América do Sul existem quatro espécies de camelos nativos, todos menores e distribuídos por uma ampla área geográfica que vai da Patagônia austral aos desertos gelados do centro e norte da Cordilheira dos Andes. O império Inca, que dominava ampla área da América do Sul, não utilizava a roda como a conhecemos, que nos serve para milhares de funções, como a de facilitar o transporte através de um carro. Assim eles dependiam de uma espécie de camelo, as Lhamas, para o transporte de cargas por longas distâncias. Domesticada há muitos séculos, as lhamas ainda hoje convêm aos nativos de diversas regiões altas e frias da Cordilheira, servindo não só como animal de carga, mas principalmente como fornecedor de lã e carne. Criam-se rebanhos de lhamas como aqui no Rio Grande do Sul se criam rebanhos de ovelhas. Comi um bife à milanesa de lhama e vi apenas que a carne é um pouco mais clara, sendo o gosto muito semelhante àquela do gado. Roupas de lã de lhama são muito comuns aqui no deserto, e os nativos e turistas se enfeitam com mantas, blusas, cachecóis e luvas desta fibra animal que é também tingida de várias cores.

Uma vicunha em pleno deseto do Atacama, Chile. 

A outra espécie de camelo que anda por aqui é o guanaco, mais raro e que tantos rebanhos eu vi na Patagônia, ao sul de Buenos Aires, quando fui a Terra do Fogo. Alguns rebanhos selvagens, com poucos indivíduos, vagavam entre os cactos gigantes do Parque Nacional los Cardones em Payogasta – Salta, Argentina, pastando calmamente o pouco que o deserto oferecia no forte deste inverno. Permitiram uma aproximação cautelosa entre os cactos que me ocultavam, e pude ver a paciente rotina de encontrar brotos e algumas folhas secas daquela rala vegetação que, mesmo não parecendo, mantém aqueles herbívoros saudáveis.

Andando na Cordilheira acima dos três mil metros de altitude, nos imensos platôs que formam o Bioma Puna, vi as primeiras Vicunhas, a menor das espécies americanas de camelos e que vivem exclusivamente neste local alto e seco. Por possuírem uma lã extraordinariamente fina e que aquece muito, foi quase extinto em função da exploração descontrolada de seu pelo. Hoje é um animal protegido por lei no norte do Chile e no Peru e a sua lã é a mais cara e fina do mundo, chegando a custar centenas de dólares uma única peça de roupa. Como diz meu amigo Luiz Patrucco, a lã de vicunha é tão fina que um pala passa por dentro de uma aliança, fato que atesta sua autenticidade.

Não encontrei, nesta viagem, a Alpaca que é a quarta espécie destes camelos nativos, já que sua maior concentração é no Peru, local em que ainda não estive. Vida de camelo não é fácil e encarar o calor do dia, debaixo de um sol espetacular que se exibe em um céu sempre limpo e azul, e o frio congelante das noites limpas do Atacama, é para os fortes. Admirável é a adaptação dos animais e plantas a estes ambientes extremos, onde a água pode ser um item de luxo encontrado raramente na forma líquida, fresca e abundante que tanto conhecemos.

O deserto do Atacama

A beleza árida do deserto do Atacama impressiona pelos contrastes.

Seca, sol, sal, silêncio, pedra, areia, ausência total de árvores, rara vegetação rasteira e quase nada de fauna. Assim vi o deserto do Atacama no norte do Chile, o mais alto e seco do mundo em algumas de suas regiões. Este deserto está mais próximo do oceano pacífico do que do Atlântico e tem uma explicação para este sinistro clima seco que grassa por aqui. Os ventos úmidos que trazem a umidade para o continente, vem do pacífico e colidem como as montanhas mais baixas, despejando as chuvas antes de atingir a altitude acima dos 3 mil metros do deserto, que só recebe o vento seco, sem a preciosa umidade, ou com apenas uma fração dela. Do lado leste a barreira das montanhas também bloqueia os ventos úmidos da Amazônia. Isso define este famoso clima árido no Atacama, podendo passar até 5 anos sem chuva em algumas regiões.

A velha e histórica casa que abrigou o fundador de Santiago do Chile em 1540

Andamos por planaltos há mais de quatro mil metros de altura acima do nível do mar com dimensões extraordinárias que abrigavam grandes extensões de solo estéril, gigantescas salinas de onde se extraem toneladas de sal da terra, diferente do sal de nossas salinas do Nordeste que são produzidos no litoral do oceano atlântico. Calor de dia, frio a noite e uma paisagem de encher os olhas pela sua beleza seca, salgada e desafiadora. Impossível não pensar no livro de Isabel Allende – Inês da minha alma, onde ela narra a saga do comandante militar espanhol Pedro de Valdívia quando atravessou, com uma tropa de espanhóis e índios, o deserto de Atacama vindo do Peru, para chegar ao sul onde fundou a cidade de Santiago, a atual capital do Chile, entre outras como Valdívia e La Serena. Livro épico de uma narrativa histórica cheia de detalhes sobre o horrendo deserto que espalhou cadáveres de conquistadores e índios que seguiam na caravana. Na cidade de São Pedro de Atacama, onde ficamos por dois dias, ainda está a casa construída em 1540 para receber Valdívia. Hoje se vive bem aqui em São Pedro do Atacama, tem energia elétrica, água e uma vida urbana de boa qualidade. Hotéis, pousadas e restaurantes se espalham pelas apertadas ruas da antiga cidade-oásis. Ali na praça, em frente à casa de Valdívia, fiquei imaginando aquele incipiente núcleo urbano de 1540, com suas poucas casas de adobe e telhados de palha e barro que, ao longo dos séculos, se transformou num oásis e centro de atividades turísticas, científicas e místicas do deserto do Atacama.

O Atacama com sua aridez, vicunhas, neve, areia, sal e montanhas

Andar pelas ruelas poeirentas da agitada cidade, ouvir os diferentes sotaques e idiomas do mundo todo que para cá acorrem em busca de ver o céu noturno, óvnis, sentir energias especiais, ver e sentir a história do lugar, é um aprendizado e um fluir de coisas novas, misteriosas e muito interessantes que por aqui circulam, indiferentes a seca dos arredores e do estreito das ruas que só admitem pedestres com suas roupas e hábitos tão diferentes como os meus coturnos de selva e a roupa colorida dos nativos, feita de pelos de lhama. Choques culturais da cabeça aos pés, do idioma à idade dos visitantes, do que buscam os que chegam e do que sobrevivem os que aqui moram. Penso no que Valdívia sentiu aqui quando no distante ano de 1540 chegou para uma pausa no seu objetivo de atingir uma região mais ao sul que pudesse ser capaz de suportar uma nova cidade, uma nova forma de vida. Pudesse ele voltar, hoje, teria um choque ao ver sua casa com uma placa de recarga de telefone celular e de cartões de crédito, fios de energia correndo pelo seu telhado já muito ameaçado e a decrepitude geral da casa que o abrigou.  O tempo cobra de tudo e de todos.

Ruelas de São Pedro do Atacama recebem gente do mundo todo

 

Todas as tribos e culturas circulam pelo Atacam

Vida de vicunha

A difícil tarefa de encontrar alguma vegetação, faz as vicunhas andarem quilômetros pelo deserto do Atacama. 

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